quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O ecletismo como fonte de sustentabilidade do Clube

Tenho procurado reflectir, nos últimos tempos, sobre o ecletismo do Sporting. Na conjuntura actual, difícil, fará sentido termos tantas modalidades? Teremos essa necessidade? E capacidade para fazer face aos elevados custos? Será até responsável?

Lia há dias, no programa de candidatura de um dos candidatos às próximas eleições, que as modalidades devem ser auto-sustentáveis. Pessoalmente, parece-me redutor olhar desta forma para o nosso ecletismo.

Poucos são aqueles que pensam e falam de forma estratégica sobre o nosso ecletismo.

Primeiro ponto, essencial: onde queremos estar no futuro? Daqui a 5 anos? 10, 20, 50 anos? O que queremos do nosso Sporting? Um clube ganhador, eclético, a apostar no desporto como fonte agregadora da sociedade? Ou um mero clube de futebol, de títulos?

Segundo ponto: como podemos nós aproveitar, hoje e no futuro, o nosso ecletismo em prol da sustentabilidade, desportiva e financeira, do Clube (e do futebol)?

Muitos são aqueles que julgam que o nosso ecletismo é uma maçada. Gera custos, prejuízos operacionais e só se forem auto-sustentáveis é que deverão continuar a existir. Foi dessa forma que, aliás, destruímos a melhor equipa de hóquei em patins da Europa. Foi assim que aniquilamos uma equipa sénior de basket, combativa e que muito honrava as nossas cores. Ao mesmo tempo, decidimos abrir outras modalidades, à partida sem grande critério, nem orientação estratégica, nem visão de conjunto. E é isto que nos falta.

Parece-me que nos últimos anos, a aposta excessiva no Sporting, clube de futebol, tem afastado muitos sócios do Clube, perigando a sua sustentabilidade. Corremos o risco de rapidamente envelhecer a nossa massa associativa, deixando "fugir" os jovens para outros clubes concorrentes.

Aquilo que mais une o Sporting aos seus sócios e adeptos são as VITÓRIAS. Quando o Sporting ganha, na modalidade futebol principalmente, os sócios e adeptos mobilizam-se, comparecem e apoiam em maior número. Mas mesmo nas derrotas, julgo sermos um Clube com muitos adeptos que não abandonam e não desarmam, apesar dos naturais e muitas vezes compreensíveis protestos. Aliás, todo e qualquer sócio e adepto tem o direito de se manifestar contra.

Como na modalidade futebol não creio haver grandes condições, no curto prazo, para o Sporting ganhar títulos e ter muitas vitórias, como mobilizar todos em torno do nosso Clube? Como podemos garantir (ou pelo menos prevenir) que a prazo, a nossa massa associativa não se torne cada vez mais idosa? Como podemos cativar os jovens e assim garantir a sustentabilidade do nosso grande Sporting?

Para mim, a resposta está no nosso ecletismo. A visão dos últimos anos julgo ser completamente errada. Foi assente na aposta num clube de futebol, gerador de receitas, que com as mesmas "garantiria" o ecletismo do Clube, em muitas modalidades, gerador de prejuízos. Não poderia estar mais em desacordo.

A lógica tem de ser invertida. Antes de mais, o Sporting Clube de Portugal é um clube desportivo, com uma história riquíssima em inúmeras modalidades. A aposta tem de ser clara no desporto, na saúde, na juventude, na formação de gerações de campeões em todas as competições em que participamos. O Sporting Clube de Portugal tem de ser um elemento aglutinador das famílias, dos jovens, do gosto e prazer pela prática desportiva, e pelo desejo e vontade insaciáveis de vencer!

É todo este movimento desportivo, associativo, que garantirá 1) afluência à modalidade futebol e com as consequentes receitas, 2) a sustentabilidade geracional da nossa massa associativa e 3) a glória contínua do nosso Clube, perpetuada por vitórias na maior parte das modalidades e, a seu tempo, no futebol.

Para que isto resulte, muito terá de mudar: ao nível da gestão, da filosofia desportiva e competitiva, dos comportamentos, da exigência. O esforço de gestão terá de ser muito maior, procurando cada vez mais parcerias, patrocínios, sponsors, que garantam a geração suficiente de receitas ao ecletismo para que este possa ser, verdadeiramente, fonte de geração de vitórias.

É só isto que quero para o Sporting: mais 100 anos de história, mais 100 anos de glória, uma nova Geração de Campeões!

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